carta aberta: o iab.pe e o segundo turno das eleições de 2022
O pleito eleitoral de 2022 se apresenta como o mais importante desde o processo de redemocratização do Brasil, pois não estamos mais diante de projetos políticos distintos, que circulavam entre esquerda, centro e direita e mesmo com divergências em suas atuações e políticas públicas, ainda se inseriam dentro de uma lógica de respeito à democracia. Diferentemente, nestas eleições de 2022 estamos diante das possibilidades de aprofundarmo-nos no abismo de uma autocracia ou lançarmo-nos nos próximos anos dentro de um marco civilizatório e projeto de país que se reconectaria com um estado democrático.
De um lado, temos um projeto político que vem ganhando mais força desde 2018 com a eleição do atual Presidente e que trouxe à superfície uma versão brasileira do fascismo que se alimenta de preconceitos de toda sorte, subjugando pessoas por raça, gênero, orientação sexual e classe social e que ganha impulso por um modelo de gestão que vem corroendo as instituições por dentro, extinguindo políticas públicas e redesenhando o mapa da fome no Brasil. Tudo isso envolvido por uma prática que persegue a todo custo um inimigo invisível com discursos que destoam da realidade.
Enquanto de um outro lado, temos Luís Inácio Lula da Silva, pernambucano que teve as gestões mais exitosas enquanto presidente, que foi responsável por uma série de políticas públicas que visaram reparar dívidas históricas do Brasil. Atuando como um democrata nato, foi responsável por criar uma série de políticas públicas que possibilitaram levar alimentação, emprego, moradia, educação e saúde, trazendo dignidade para uma parcela da população que apesar de ser maioria sempre se viu distante das ações governamentais. Nem todo o esforço foi suficiente para a reparação histórica e social que precisávamos e, evidentemente, temos críticas ao modo como algumas políticas públicas foram conduzidas, especialmente as políticas urbanas e de educação, focos de maior interesse deste Instituto. Mas essas políticas representaram a entrada do Brasil dentro de uma era de mais acessos e menos escassez para a população mais desprivilegiada socialmente, notadamente no Norte e Nordeste.
Diante de todo o cenário que estamos vivendo não há uma escolha difícil, muito menos ponderações sobre quem escolher para ocupar a cadeira de Presidente. Por isso, declaramos voto e apoio para o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, mantendo-nos firmes e coerentes com o histórico de lutas e apreço à democracia ao qual o IAB sempre se alinhou. Então no dia 30 de outubro de 2022 pedimos às nossas arquitetas, arquitetos e estudantes — associados ou não, mas que acompanham nossas ações — a votarem 13 na urna e iniciarmos o processo de extinção do projeto de fascismo tropical que precisa retornar de onde nunca deveria ter saído: das páginas já desgastadas de um passado distante e que não permitiremos qualquer ensaio de retorno para o presente e muito menos para o futuro.
Recife, 28 de outubro de 2022